O ser humano é naturalmente uma pessoa feliz, alegre, com vitalidade e poder pessoal. Depressão, apatia, cansaço crônico, olhar perdido e sem foco, falta vontade para estudar e trabalhar, dificuldade para expressar suas necessidades pessoais, tendência a se acomodar numa situação que não condiz com a sua natureza... podem ser sintomas de uma pessoa que “perdeu um pedaço de sua alma”.

Os desafios são uma constante na vida do ser humano desde muito cedo, quando ainda somos muito pequenos. Muitas vezes, quando esses desafios são muito fortes, para podermos sobreviver a uma dor que no momento parece insuportável, “perdemos um pedaço de nossa alma”. Deixamos que um pedacinho de nós se separe, levando com ela a nossa dor, para que possamos prosseguir nossa jornada.

A Psicologia reconhece esse fato e chama isso de “dissociação” da consciência, uma ruptura. Esses desafios podem ser: uma perda material, a morte de alguém muito querido, um acidente, uma cirurgia com anestesia geral, uma doença grave, situações de intenso medo ou abuso... um trauma de qualquer espécie. O tempo passa, a situação muda, a vida segue seu curso... mas muitas vezes o pedaço da nossa alma fica lá, em algum lugar da realidade paralela, com a sua dor, com seu medo, sua insegurança... e nós ficamos sem uma porção da nossa energia vital.

Outras vezes pode acontecer que alguém “tira”, “captura”, um pedaço da nossa alma. Num momento de fraqueza, insegurança ou carência, abrimos nossa proteção e permitimos que outra pessoa se apodere de uma parte da nossa energia em troca de carinho, amparo, sustento... ou simplesmente por medo. Pode acontecer ainda que, por algum tipo de apego, uma pessoa fica com um pedaço de alma da outra. Isso é comum nos finais de relacionamentos amorosos.

Em qualquer desses casos, ficamos “desanimados” – sem alma. Na Terapia Xamânica, o terapeuta treinado expande a sua consciência e viaja pelo “mundo paralelo” em busca do pedaço de alma perdido. Orientado por seu Mestre Xamã e auxiliado por seu Animal de Poder e pelos Aliados, o terapeuta xamânico encontra, resgata, cura e traz de volta o pedaço de alma. Esse não é um trabalho simples. Requer conhecimento, domínio dos mundos espirituais, sabedoria e muito treino. Os resultados são imediatos: vitalidade, força, poder pessoal restabelecido, alegria, sensação de “estar vivo”. Essas são as sensações descritas pelas pessoas que passam pelo processo de resgate de alma. E muitas vezes alguma situação aparentemente sem solução, de uma hora pra outra, é solucionada.

Vou dar um exemplo de uma trabalho de resgate de alma realizado por mim há alguns anos.

Tânia estava apreensiva porque morava no apartamento que era propriedade da sua mãe. Ela sabia que no momento em que a mãe desencarnasse, o apartamento iria para inventário e teria que ser dividido com o irmão, que, segundo ela, tinha outras propriedades e não precisava da parte desse imóvel.

Ela tinha pedido pra mãe que passasse o apartamento para o seu nome, mas a mãe se negou, argumentando que era dos dois irmãos. Tânia sabia que o irmão exigiria a venda do imóvel para pegar sua parte e ela ficaria sem ter onde morar. Tânia sentia-se impotente e preocupada. Fizemos uma Jornada Xamânica para Resgate de Alma.

Na jornada, encontrei uma menina assustada, encolhida num canto da sala de uma casa de madeira. Uma mulher gritava muito. A menina chorava baixinho, com muita raiva que não podia expressar. A mãe amaldiçoava a filha dizendo que ela passaria muito trabalho quando crescesse e tivesse seus filhos, para aprender como a vida é dura. Na minha projeção, comecei a conversar com essa mulher. Explicar o mal que ela estava fazendo para a sua filha e também para si mesma. Expliquei que a maldição prende a pessoa que é amaldiçoada e também a que amaldiçoa. Tive que usar todo o meu poder de argumentação para que ela parasse de gritar e me ouvisse. Pedi que ela abençoasse a sua filha. Depois de muita conversa, ela aceitou e a abençoou. Eu segurei a menina no colo, a levei num lugar florido para se que tranqüilizasse. Realizei alguns procedimentos de cura e trouxe a menina, agora tranqüila e alegre, comigo.

Retornando da Jornada, soprei o pedaço de alma com a menina em alguns pontos no corpo de Tânia. Quando contei o que tinha acontecido, Tânia disse que sua mãe costumava amaldiçoá-la do modo como eu tinha relatado. Ela ficou um pouco surpresa, mas estava bem. Dias depois ela me contou que a mãe ligara do exterior, onde morava, dizendo que viria encontrar a filha e passar o apartamento para o seu nome. E assim foi feito.

Hoje a relação dessas duas mulheres pode não ser um mar de rosas, mas melhorou muito. Se visitam cordialmente, se telefonam e há mais tolerância e compreensão entre elas. Quando fazemos uma Jornada, não sabemos o que vamos encontrar e com que tipo de energias teremos que interagir. É realmente uma aventura. Sagrada Aventura! O que sabemos é que uma cura acontece. Um pedaço de alma retorna. E a pessoa fica mais plena, mais inteira! E muitas vezes percebemos uma mudança concreta em alguma área da vida.